Minhas Memórias

Sempre soube que Alvorada significa ‘nascer do dia’, mas, para mim, é muito mais! Em meados dos anos 80, recordo-me das ruas, ainda não pavimentadas, onde fazia minhas aventuras de bicicleta. Também me lembro das brincadeiras do alto do saudoso pé de acácia, que já não existe mais, na praça São Francisco, entre as ruas Pedro Carneiro Pereira e a Fernão Dias, onde morava. Cresci neste lugar, em meio a gente muito querida, vizinhos-amigos que hoje, quase não se encontra igual.

Entre idas e vindas para a escola Dom Pedro II, onde estudei até a 4ª série do ensino fundamental, jamais saía de casa, um lar simples, mas muito aconchegante e confortável, uma moradia de madeira ao estilo antigo, com telhas de barro muito bem assentadas, na cor bege com janelas e portas marrons e uma pequena área na frente coberta de flores, (pois lá em casa era assim: flores por toda a parte), sem estar devidamente arrumado, cabelos penteados e com as doces e inesquecíveis recomendações de minha mãe querida: “Vai pelo canto da rua!”, “Se cuida!”, “Olha os modos!”. E assim eu ia. Caminhando, atravessando a praça, para logo em seguida passar em frente ao armazém do Sr. Vitor e da dona Edilha, uma pequena construção de alvenaria na cor azul e seu famoso baleiro, que ao movê-lo para escolher a guloseima que mais me aprouvesse, fazia um ruído que nunca pude esquecer, assemelhando-se a um ranger daquelas portas antigas que necessitam óleo nas fechaduras. Ali, aliás, nunca faltava alguém que me dirigisse uma palavra afetuosa e jamais saía sem uma guloseima nos bolsos!

Assim, também, é o tempo. Dia após dia, ele vai andando sem que a gente perceba. Já em minha adolescência, não posso esquecer-me das bailantas no CTG Campeiros do Sul, no bairro Maringá, com sua histórica “bica”, onde tive a oportunidade de ser congratulado com o título de “Peão Cultura”, algo bastante significativo para alguém com 12 ou 13 anos de idade, ainda mais que com esta insígnia, não precisaria mais pagar para entrar nos bailes! Um pouco mais tarde, ainda no meio tradicionalista, em nosso grupo folclórico intitulado “Raízes de Integração”, nos destacávamos em nossas belas apresentações, sempre liderados pelo amigo Antônio, que aliás, também fora meu professor de Tae-Kwon-Do. Além disso, foi num desses “encontros gauchescos” que, por volta de 1997, conheci uma pessoa especial: a pequena Luciana Silveira, uma moça tímida ao primeiro olhar, mas que envolveu-me com a sua presença, resultando, mais tarde, em um matrimônio que hoje completa “bodas de louça”, abençoado com duas princesas: a compenetrada Yasmin Francini e a musical Ana Clara, meninas meigas, estudiosas e que, a cada dia, tornam minha vida com muito mais razão para ser vivida. Nesta cidade, nasci e cresci. Construí uma família. Sou muito grato por ser um alvoradense, cidadão da “Capital da Solidariedade” e Terra de pessoas trabalhadoras e de muito valor. Gratidão.