ELISEU PELLENZ UM “ FAZ TUDO “ EM ALVORADA.

Ano de 1994, após um curso de treinamento na Sede do Campo Branco o mais novo sócio da Carlesso Materiais de Construção, Eliseu Pellenz 19 anos, dirigindo um caminhão de entregas passa na frente da danceteria Times, av. Presidente Getúlio Vargas pda.51. Observa a movimentação dos jovens que circundavam o local naquela sexta-feira do mês de outubro, entre estes, reconhece seus colegas de escola e tem uma grata surpresa, conversando no grupo a desconhecida “ menina “ que encantava seus olhos quando caminhava pela calçada da sua loja. Logo pensou , “ esta é a chance que tenho de conhecê-la”, respira fundo, resolve estacionar o veiculo na frente da festa , movido pelo cupido do amor , resoluto, vai ao encontro da meninada. Apresentações feitas, Eliseu encanta-se pela jovem Fabiana, ela por sua vez gostou da agradável companhia, no final da mesma noite, o enamorado zagueiro da várzea abrindo a porta do seu caminhão lhe deixa sã e salva no portão de sua casa no bairro Campos Verdes. Iniciava ali uma relação amorosa, abençoada pelo padre Libanor Picetti em matrimônio realizado na Igreja Santo Antônio, padre este que realizaria o batismo dos filhos Sofia e Miguel, hoje com 14 e 10 anos respectivamente de uma feliz união de vinte e seis anos.
Apaixonado por futebol, o “italianinho” defendia as cores do Comercial, treze anos treinado pelo técnico Nilo, tornando-se campeão infantil municipal no extinto campo do Atlético Águia da Vila Piratini na frente da Igreja Nossa Senhora da Saúde. Campeão no campo, um vencedor na vida mesmo com pouca idade, brincar e jogar futebol eram momentos raros , foi ganhar a primeira bicicleta somente aos 12 anos. Filho primogênito , trabalhava como “faz tudo” junto com seus irmãos Rodrigo e Rogerio para garantir o pão nosso de cada dia no Mercadinho de propriedade de sua mãe Irene , viúva precocemente.

Neste período, o menino Eliseu trabalhava um turno no pequeno negócio da família e no outro estudava ; ficava feliz em poder “ andar “ pedalando sua bicicleta novinha pelo recém inaugurado asfalto na Avenida Pres. Getúlio Vargas . Entre uma pedalada e outra, fazia uma parada para conversar em uma nova loja de materiais de construção ( Madeireira Carlesso ), localizada na parada 58 de propriedade dos primos. Mal sabia ele, que logo ali na frente iria trabalhar junto deles , veria a empresar desenvolver-se, tornar-se uma gigante no segmento no município e região, seria um de seus sócios.
Acabou ingressando na madeireira aos 14 anos incompletos, sua mãe Irene Pellez casou-se novamente, vendeu o Mini -mercado e o pequeno zagueiro por sua vez , foi defender seu futuro, foi jogar em um time que tinha muita vontade de trabalhar e progredir, foi escalado numa posição que já conhecia, a posição de “faz tudo” no estabelecimento comercial. Limpou banheiro, faxinou, supriu mercadorias, atendia no balcão, alimentava os cavalos, atuava como oficce- boy, era um coringa na equipe de sete funcionários. Há , muitas vezes atuava como auxiliar de ajudante nas entregas realizadas de carroça, nos conta que um sábado o transporte puxado por animais chegou a fazer cem viagens. Por conta do plano cruzado do governo Sarnei ( 1988 ) ocorreu um boom econômico, o movimento na loja aumentou consideravelmente, por conta disto alguns produtos começaram a faltar, um destes, foi o cimento. Para atender a demanda, a mercadoria indispensável no comércio tinha que ser buscado na fábrica da Votorantim na cidade de Esteio no período da noite. Saindo do forno literalmente , o cimento era transportado em caminhões ainda “ quente “ para Alvorada em sacas. Não tendo empilhadeiras, o descarregamento era feita de forma manual. Sem forças suficientes para coquiar ( carregar sob a cabeça ) o valioso produto para armazenamento no depósito, o “faz tudo” tinha a tarefa de ajudar desembargar a carga dos veículos. Abraçava-se na “fervente” massa empacotada , colocando os volumes nas cabeças dos ajudantes. O calor expelido do “bem” era intenso, chegando a queimar sua barriga e braços.

Três anos antes da Madeireira Carlesso contar com o “Hulk dos cimentos”, no ano de 1985 a empresa familiar que tinha na frente seus primos e irmãos Moacir e Juarez Carlesso abria suas portas, 56m² quadrados de esperança , a convicção que o bom trabalho poderia lhes garantir prosperidade. Cinco anos depois ( 1990 ), Estudando e trabalhando, o menino participaria da evolução e ampliação da loja de materiais de construção , a clientela naquela data começaria a ser recepcionada em um espaço de 220m². Dez anos mais tarde ( 2000 ), quinze a partir da data de inauguração , o número de clientes cresce de forma vertiginosa, para atender a demanda uma nova loja é inaugurada com 840m². A pequena madeireira havia crescido, o número de funcionários havia multiplicado dezenas de vezes, o mix de produtos multiplicado centenas , a carteira apresentava milhares de clientes satisfeitos.
Neste período alvissareiro, o Brasil conquista sua quarta copa em 1994 , na sua copa particular no mesmo ano o jovem Eliseu então com dezenove anos , receberia uma ótima notícia , os primos lhe convidariam para ser sócio da empresa, assumiria novos desafios. Seu esmero, fidelidade, responsabilidade , comprometimento no exercício de múltiplas funções lhe renderia o generoso convite. Os empreendedores Carlesso criariam no espaço contíguo da loja, a Floresta Indústria de Comércio de Madeiras, trabalhariam na compra de madeira bruta para beneficiamento e venda posterior para colegas madeireiros. Buscando conhecimento, por sugestão da esposa Fabiana ingressa no curso de Administração de empresas da Ubra formando-se; por prazer nas festas da igreja Santo Antônio solidariamente ajudou como garçom por quinze anos ; por nascimento teve a cidade de Lajeado , vindo embora com seus pais tentar a sorte na capital; por obra do destino , teve seu pai Avelino Pellenz assassinado em assalto em armazém da família quando tinha sete anos de idade na Vila Cruzeiro; por amor foi acolhido junto com a jovem mãe de 25 anos e dois irmãos pequenos (Rodrigo e Rogerio ) pelos tios Vitório e Elzira Carlesso, vindo a morar e trabalhar junto com o casal e três primos ( Pedro, Juarez e Moacir ) na casa/ Mercado Carlesso na rua Porto Rico na cidade. Por necessidade e gratidão com oito anos iniciou a profissão de “faz tudo” no comércio , acabou ganhando um segundo pai, o jovem primo Moacir de 18 anos, dali um tempo formaria sociedade com sua mãe Irene em um armazém “quebrado” comprado pelo Tio na Vila Maria Regina, nos quais as mãos que” laboravam” fizeram ascender o negócio. Por consequência, pouco tempo depois, sua aguerrida mãe abriria o seu próprio Mercadinho na Vila Piratini , contando com a prestimosa ajuda das suas crianças. Por força da situação, sem tempo para brincar, Eliseu relembra: - Perdi minha infância.

Acompanhando “In loco” o desenvolvimento da Madeireira Carlesso que tinha como missão “ajudar a construir seus sonhos”, atribui o sucesso do empreendimento a vários fatores ( internos e externos ). Fatores internos: O planejamento organizacional, atendimento inovador, políticas de treinamentos e valorização dos colaboradores, administração financeira, comunicação social, investimento no fortalecimento e consolidação da marca, trabalho incessante no alcance das metas e objetivos propostos. Fatores Externos: O boom econômico no plano cruzado do governo Sarnei (1988 ), distribuição de ticktes de leite e vale gás, crescimento populacional na região do Passo da Figueira ( Fim da linha Soul até ponte Celgon ), invasões do Umbu e 11 de Abril, asfaltamento da Presidente Vargas até entrada Vila Piratini, fechamento de madeireiras tradicionais ( Três Silveiras, Mdraz , Balbão ), Plano Real FHC, investimento do governo Lula nas classes mais baixas e estabilidade econômica no país. A soma destes fatores e muita “ vontade de trabalhar “, possibilitou o crescimento, a consolidação da empresa no mercado, recebimento do convite para participar de uma rede de lojas no segmento no estado ( REDEMAC ) e inaugurar filial na Av. Zero Hora no ano de 2006 no Porto Verde. Atuando a quarenta anos no varejo, o “Hulk dos cimentos “ hoje é o vice presidente das Lojas Redemac/Carlesso, tendo como presidente Moacir o, seu primo, amigo, o seu segundo pai , motivo de orgulho e referencia. Afinados na vida, afinados nos pensamentos incomuns, nas responsabilidades que dividem nas execuções das atividades ( Administração financeira, compras, comercial, logística e relação com a comunidade ). Define a cidade de Alvorada como o “Patinho Feio “ da grande Porto Alegre, pondera que não atingimos a maturidade pelo fraco desenvolvimento econômico , a falta de pessoas melhor preparada para a gestão dos sete prefeitos que estiveram a frente do executivo e a insensibilidade dos mandatários de pensar qual seria a vocação da cidade. Entende que politicas públicas no investimento de um tecnopólo possibilitaria reunir na cidade diversas características tecnológicas, empresas, faculdades, centros de pesquisa e polos industriais. A reunião e a relação desses meios seria possível alimentar a cadeia produtiva com a capacitação, formação, inserção dos nossos jovens , gerando emprego e renda. Avalia o governo Appolo como surpreendente, destacando o número de calçamentos realizados e inauguração de novos postos de saúde. Olhando para as próximas décadas, Eliseu Pellenz tem na máxima italiana” O Povo gosta de ir à missa cheia “, ou seja, clientes “gostam de comprar em lojas movimentadas” seu norte e o desafio de estar atento ao mercado e as tendências de negócios, inovar sempre, garantir por parte da direção da empresa e colaboradores a satisfação permanente dos clientes, afinal a gente é de casa.
Extrato entrevista escritor Jairo Carvalho.
Fotos e Arquivos Jornal Leitura de Ônibus.
Data de publicação: 21/07/2021