MARCELO MACHADO: ENTRE CANTOS E CONTAS...
Madrugada, 2:57 horas, Sociedade Amigos do Cassino ( SAC ), cidade de Rio Grande, conjunto Musical Corrente de Força ( Região Metropolitana POA ) sob aplausos apresenta em seu show no encerramento a música “É Preciso Saber Viver” clássico de Roberto e Erasmo Carlos de 1968. O vocalista Marcelinho em nome do grupo falando e cantando agradece a presença do público e diz estar contente em puder estar fazendo a festa para os Rio-grandinos, despedindo-se... No camarim junto dos amigos e músicos parceiros, comemoram a realização de mais um exitoso evento, começam a combinar a próxima agenda ... stop. Aquele momento único vivenciado entre os artistas não ocorreria novamente, por força das circunstâncias, duas horas depois, o sorridente e comunicativo intérprete que tinha nos planos continuar apresentando-se nos bailes , inesperadamente resolve não soltar mais a voz nos palcos, abandonando o grupo para sempre.
Dirigindo um Fiesta na Br -116 voltando para casa, o cantor mantinha uma conversa animada com minhoca e um dos baixistas, no horizonte muitas apresentações. Antes de completar a primeira hora de viagem, o sono chega para os viajores, todos dormiriam, inclusive o motorista que cantava John Lennon. Debruçado sobre o volante, conduziria o carro desgovernado para pista contrária, despertaria segundos depois, seguindo em frente. Nos quarenta e cinco minutos seguintes dormiria na direção do automóvel por mais duas vezes e por mais duas vezes acordaria trafegando no sentido oposto. Refeito do terceiro susto, decide estacionar o veículo no acostamento da estrada. Fora deste, respira o ar do fim de noite, reflete sobre o ocorrido: “Estou com sorte, dormi por três vezes dirigindo e nada aconteceu... mas poderia ter acontecido um acidente fatal e ter morrido todos nós “. Nos seus pensamentos sopram-lhe a última música interpretada no clube, É preciso saber viver... para saber viver... tem que estar vivo. Decide ali no asfalto daquela rodovia deixar de fazer o que mais amava, cantar; sairia do grupo em nome da sua existência. Sim, era o melhor que tinha a fazer , a melhor decisão, pois o corpo estava sucumbindo, cansado, não aguentava mais conciliar as responsabilidades de atuar como titular da Secretaria Municipal Administração Alvoradense, militar politicamente no PT e estar na frente dos microfones fazendo vocal nos bailes de finais de semana, enfrentando sonolentas noites dirigindo por perigosas estradas . Sim, adeus Corrente de Força, adeus Show’s, viva a vida. O agora ex-vocalista guiaria o carro por mais alguns quilômetros, acordaria os dorminhocos músicos, nada perceberam na viagem, conta-lhes sobre a “aventura “, resolveriam de comum acordo pernoitarem na cidade de Camaquã, livre de prováveis tragédias, outubro de 1997.
Quatorze anos antes, Marcelo Machado dos Santos então com quinze anos , cursava o segundo grau e atuava no Grêmio Estudantil da Escola Estadual Técnica Parobé. Na pauta de reinvindicações o ensino público gratuito, alunos em greve, carnes rasgados, ânimos acirrados, brigada militar presente. Nota: O ensino público gratuito no país seria garantido através da constituição seis anos depois em 1989. O movimento estudantil daquela entidade uniu-se as Escolas Estaduais Julinho e Protásio Alves em favor das “Eleições Diretas Já “, participariam de históricas manifestações na esquina democrática ,entre adolescentes brasileiros que bradavam pelo direito em votar para presidente, o jovem estudante alvoradense , contínuo , futuro artista do canto, embrião de um político de sucesso. Entre cadernos , livros e protestos a música. Nas ruas do Jardim Porto Alegre, o “rebelde com causa” avançava para idade adulta, começaria soltar a voz como vocalista numa barulhenta banda de Hard-core batizada de Homicídio Cultural, contava com aspirantes a músicos Paulinho, Jorge e Renato, contra-baixo, bateria e guitarra; tinham muita inspiração e pouco talento, mas agradavam o público, funcionava e tinha fãs, lotavam bares da cidade como Biri-Bar, Bate-bate para assisti-los e ovacioná-los. No repertório Punk Rock músicas autorais, Ratos de Porão, Garotos Podres, Inocentes . Há... cantavam também letras de bandas tão famosas quanto a deles... tipo Led Zeppelin, Rush, Black Sabbath, Iron Maiden entre outros. Os “astros” para apresentaram-se na noite tinham que ter licença para tocar, como Dupa, Os Contras e outros grupos, Sim Licença. Nos anos oitenta, para gurizada botar o nariz para fora da porta depois que o sol dormia, tinha que ter a autorização dos pais, isto que eles já tinham alcançado a maior de idade. . – Mãe, no sábado vou precisar sair... vou tocar em um bar próximo do União e depois vou dançar no clube.. Dona Maria Cecília: - Seu Marcelo, desta vez tudo bem. Te quero em casa cedo.. Entendeu?
Como diria Cazuza, O tempo não para. O obediente e músico filho que trabalhara de oficce boy na JH Santos e Continuo na Fundação da CEEE, cantava Hard-core passaria a entoar diariamente em verde e amarelo o “Hino Nacional Brasileiro “... Ouviram do Ipiranga... no Exército Brasileiro, serviria a pátria no colégio militar na Redenção. Marcha soldado....marcha. Marchando firme e forte deu baixa do serviço militar, começando a trabalhar na Gerdau como auxiliar de serviços internos; por influência do amigo vizinho, Paulo Smolinski , faria inscrição para concurso público na prefeitura de Alvorada para o cargo de aux. administrativo, aprovado, ingressaria no serviço público em 25.05.1989 gestão Pedro Antônio, no fim do mesmo ano faria novo concurso , seria nomeado fiscal fazendário. Seria aprovado ainda em mais dois novos certames, Ministério Público e Policia Civil, nos quais não assumiria os cargos hora selecionado, escolhendo continuar “ fiscalizando” na Secretaria da Fazenda. . Conforme o “concurseiro” , só não foi trabalhar na segurança pública do estado por conta de uma conversa que teve no Ginásio Municipal em 1993 com o delegado e prefeito Appolo. Disse-lhe que teria um “ futuro melhor” seguindo no serviço público municipal. As previsões do experiente policial estavam corretas, ali na frente, vinte e quatro anos depois, ele estaria mais uma vez na frente do executivo municipal e aquele indeciso jovem que um dia lhe pedira conselhos, passaria a ser um dos seus importantes “conselheiros” na administração do município na frente da Secretaria Municipal da Fazenda. Neste inicio do anos 90, o vocalista dos jardins emprestava seus talentos para a banda de Funk Rock “Kaos” , seria eleito vice-presidente do Sima ( Sindicato dos Servidores Públicos de Alvorada), atuava como fiscal fazendário, cursava na FAPA ciências contábeis, graduando-se bacharel em 1996; aprofundando conhecimentos cursaria pós graduação na UERGS e UFRGS em Gestão Pública, Contabilidade , Auditoria e Finanças Governamentais. A carreira artística do cabeludo rapaz alvoradense , já fora um “Homicida” , alcançaria vocal de causar inveja a “Robert Plant” na banda Rock/funk “kaos” , nos quais teria como companhia talentosos malucos do Bairro Floresta( Elias e Daniel – bateria e contra-baixo ) e de Eldorado do Sul ( os guitarristas Gú e Paulinho ). A química musical nos arranjos criados pelo músicos levaria ao delírio centenas de jovens em Festival de Bandas da Zona Norte ( Musi -Centro ); o sucesso no evento ganharia as páginas da ZH ( Caderno Cultura ), chegaria com força nos palcos do Verão Cultural nas praias, bares e clubes do RS.
Falando em Força, o novo habitat cultural do “Front Man/Sindicalista em 1994 seria entre os “cabeludos” membros do “Corrente de Força”, banda de baile que tocava de tudo: rock’n roll, axé, samba, jovem guarda, vanerão e Frank Sinantra...New York, New York...tendo na sua formação: vocal Minhoca e Dentinho, guitarra Marcelo Freitas, baixista Daniel, Bateria Luciano e o maestro, multi-instrumentista e guitarrista Zezé. Milhares de pessoas assistiriam e dançariam nos Shows musicais do grupo em POA e Interior, animariam festas no Baile Verde Vermelho e Branco, Dado Bier, Cervejaria Berlim, Clube Polônia entre outros, participariam como convidados do Golden Boys e Skank em apresentações. Foram três anos de agendas intensas, nosso The Voice das terras do Passo Feijó vocalizou centenas de músicas dos mais variados gêneros: Mamonas, Cidade Negra, Papas,. Titãs, Cia. do Pagode, Beatles, entre outras. Invariavelmente fazia o encerramento dos bailes cantando o “Rei Roberto Carlos”, interpretando um de seus sucessos encerraria sua participação na banda na cidade de Rio Grande RS. Lembra-se: “ Consegui pagar a faculdade graças aos caches do Corrente de Força “ Neste período atuava como titular da Secretaria Municipal da Fazenda , abandonando o palco do mundo artístico, priorizaria o palco da política alvoradense. Criativo e determinado, trabalhando em prol da coletividade ,apresentando um “repertório” em iniciativas e projetos, ganharia o respeito e admiração dos seus pares, adversários e população, construiria uma próspera carreira política. Seus primeiros passos seriam na militância no PT, no ano de 1992 assumiria a vice- presidência do SIMA( Sindicado dos Servidores Públicos Municipais), nos quais junto com a presidente Verena Perotto construiria o estatuto do servidor público e articularia a compra de 24 imóveis para categoria no Parque Madepinho. Entre os ano 1996 à 2004 no governo Stela Farias, seria convidado e assumiria as Secretarias Municipais Administração, Planejamento , Fazenda e Obras. Alcançaria nas urnas 2494 votos em eleição para vereadores, assumindo mandato na Câmara Municipal de 2005 à 2008, Neste ano venceria vereador Prof. Serginho com75% dos votos em prévias partidárias no PT, sendo indicado como candidato nas eleições municipais ao Executivo. A confirmação do seu nome como candidato a prefeito só não ocorreu por que a Deputada e ex-prefeita prefeita Stela Farias aparecia liderando pesquisas como franco favorita. Na engenharia partidária, aceitaria concorrer como seu vice-prefeito, o resultado não foi o esperado, adversários venceriam o pleito. Nos anos de 2009 a 2014, seria cedido pela Adm. Pública para Assembléia Legislativa do Estado para assessorar os gabinetes dos Deputados Estaduais Fabiano Pereira e Stela Farias, assumiria como Diretor Administrativo na FASE ( Fundação Atendimento Sócio Educativo ) no governo Tarso. No ano seguinte, voltaria a sua casa, Prefeitura de Alvorada, reassumiria as funções de fiscal fazendário, sairia do PT vindo a filiar-se no PC do B, concorreria novamente como vice-prefeito em chapa encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, tendo Giovana Thiago como candidata a prefeita, amargaria mais uma derrota nas eleições de 2016. Dias depois, para sua surpresa e surpresa das forças políticas locais seria convidado pelo candidato vencedor, prefeito eleito, candidato adversário, fizera oposição ferrenha, José Arno Appolo do Amaral a assumir como titular a gestão da Secretaria Municipal da Fazenda. Relata que foi chamado pelo novo mandatário para uma reunião, no diálogo conversariam sobre finanças públicas, sob sua experiência na área, Alvorada estaria acima das rusgas eleitorais e discordâncias ideológicas, o olhar teria que estar no futuro, seria convidado para estar na frente do desafio de regularizar a situação financeira da prefeitura, colocar suas contas em dia, diria sim. Grato, feliz e honrado pela confiança na difícil missão, ainda mais partindo de um amigo e adversário histórico, colocaria mãos à obra, melhor, mãos no deficitário caixa, mãos capazes de ordenar e equilibrar as finanças municipais.
Cinco anos depois, 2021, Dr. Appolo se reelegeria prefeito e sua escolha de colocar um servidor público como gestor da Secretaria da Fazenda seria exitosa. O Secretário Marcelo Machado, no passado teria o nome contestado por assumir importante pasta, abre um sorriso nas orelhas para apresentar o plano de contas e diz: - Graças ao envolvimento e trabalho de todos os colegas pagamos todas as nossas contas nos dias aprazados ( fornecedores, precatórios, servidores e previdência) , cobrando quem temos que cobrar e pagando quem temos que pagar. Nossa cidade recebeu Selo “A” de capacidade de pagamento da Secretaria do Tesouro Nacional, nos quais poucos municípios no Brasil conseguiram atingir este patamar. Hoje já temos condições de investir nossos próprios recursos na cidade e fazer da nossa Alvorada um lugar melhor para se viver. O cantor político, contador, fiscal fazendário , orgulha-se de poder ajudar na realização de dezenas obras no município, olhando para estas, reporta-se ao passado, precisamente ao ano de 1979, ano este que sua família de mudança iria morar literalmente no “ meio das obras” da HD Construtora no Jardim POA rua Carlos Barbosa, um dos primeiros moradores do bairro que nascia. Então com onze anos, o filho do Seu Pedro Nunes dos Santos contabilista CEEE e da Sra. Maria Cecilia M. dos Santos costureira era o primogênito da família de 04 irmãos, Ricardo, Rodrigo e Márcia. Cresceria brincando de pular montes de areia, arquinho, pneuzinho, esconde-esconde, futebol , curtindo as reuniões dançantes na casa do amigo Rogério ( Geléia ), destacando -se nas performances de playback’s. Nos anos 90 e 2000 nasceriam para seu regozijo seus amados filhos, Jonas Lima Santos e Marcelo Santos, 31 anos e 16 anos respectivamente. Marcelo Machado, 52 anos, hoje filiado ao MDB, o homem que organizou as finanças da administração pública alvoradense diz que almeja continuar contribuindo no desenvolvimento da cidade no governo Appolo, sua aposentadoria está próxima e o futuro a Deus pertence. Pergunta que não quer calar... será que voltará a cantar nos palcos da vida? Extrato Entrevista: Escritor Jairo Carvalho/ Agosto de 2021.