ROSSETO: AGRICULTOR, SOLDADO E SINDICALISTA

Seis horas da manhã, 1998, soldados são despertados ao som de cornetas, acontece o toque da Alvorada na II Companhia mecanizada do exército na cidade do alegrete RS, iniciava a jornada de trabalho. Antes mesmo da primeira nota musical ser soprada pelo corneteiro, Cabo Operador Rodinei Rosseto já estava de em pé, banho tomado, farda impecável, botas lustradas, sorriso no rosto, pronto para servir. A imagem daquele disposto jovem de 24 anos egresso das lavouras de Linha Fátima, cidade dos Rios dos Indíos RS, refletia o seu passado ligado a vida do campo, aprendera desde tenra idade nas terras de propriedade do Pai Domingos Rosseto saltar da cama ainda madrugada , “mui cedo”, hora certa para começar a laborar ...hora dos agricultores acordarem o galo para cantar. No quartel sendo um dos primeiros a levantar , prestando serviço a cinco anos na corporação, conseguira aprimorar suas habilidades dirigindo caminhões, blindados, transportando cargas perigosas, operando equipamentos pesados ( trator de esteiras, guindastes, , máquinas retroescavadeiras ) utilizados em operações especiais militares. Receberia ainda qualificação profissional nas áreas de mecânica, pintura, solda e especialização nas atividades ligadas ao transporte. Por força da lei, naquele ano, extinguira-se a instabilidade no serviço militar; procurando evitar a possível baixa do quartel do preparado subordinado, superiores convidam-lhe para continuar servindo a pátria na longínqua Amazonas ; O cabo desejando continuar morando no estado , agradece o chamamento, responderia não, decidindo seguir em frente em novos desafios longe das casernas. Diria sim, sim, sim mentalmente para oportunidade de emprego em concurso público para operador de máquina pesada, divulgado no Programa de TV Bom dia Rio Grande, organizado pela prefeitura municipal de Alvorada. Segue falando para si: - Buenas, vou me inscrever nesta peleja...

nesta cidade que tem o mesmo nome do toque de despertar dos quartéis, isto era o mês de setembro . E assim foi, convidou mais dois cabos amigos, também operadores de equipamento pesado, Damião e Batista, embarcaram num Fiat Uno( vermelho ) nos Alegrete e se vieram no rumo da desconhecida cidade chamada Alvorada, quase acertaram o alvo, foram parar em Ipanema , zona sul de POA. Informe dali, acolá...chegaram próximo do meio-dia nas terras que já foi um dia de Manuel Feijó, resolveram almoçar em restaurante na pda. 43 Av. Presidente Getúlio Vargas, localizado próximo da imponente Escola Júlio César Ribeiro... entidade que lecionava sua futura esposa. Feito as inscrições para o concurso público na sede da prefeitura, retornariam os militares no mês de outubro para fazer as provas teóricas e práticas , estas realizadas em patrolas no cemitério municipal sob orientação do “Seu” Clóvis e do Vermelho Patroleiro. Dois meses depois, próximo ao natal, receberiam como presente uma excelente notícia, estavam aprovados, aptos para assumir as vagas de operadores de máquinas na Secretaria Municipal de Obras e Viação. No dia 10.03.1999 iniciaram suas atividades dois dos três amigos, Rosseto e Batista, iriam morar juntos na rua Revolução 114, Vila Salomé, Damião se uniria a dupla um ano depois.

Abraçado no parque de obras por Silvino Wunter, o menino que com quatro anos tinha muitos amigos de patas, pelos e penas na fazenda dos pais e que já ajudava na lida, encontraria um novo amigo, pela mãos deste, tornaria- se sócio do SIMA ( Sindicato dos Servidores Público Municipal de Alvorada , iniciaria ali na luta sindical , ganharia destaque, tornar-se-ia presidente por quatro vezes da entidade que representava o funcionalismo, nos quais filiara-se somente com uma semana de trabalho. Seguiria os passos do patriarca na politica e na defesa da corporação, seu Domingos Rosseto fora eleito Presidente do Sindicato dos Agricultores dos Rio dos Índios e concorrera ao Legislativo, já ele, concorreria ao Executivo.
Inicio da tarde, 1981, fazenda dos Rosseto, Dona Olga faz uma revista dos pés a cabeça do seu primogênito ,então com 07 anos.... Deixa eu ver o cabelo, o uniforme, cadernos, lápis, o lanche...está tudo certo....dá um beijo na mãe... pode ir para escola Rudinei, te cuida, vai com Deus!!! – Tchau mãe.. eu vou ali e já volto. Montando a cavalo, andando de bicicleta ou a pé, o menino chamado de Rudinei, ganharia o cognome de Rosseto no exército, seguiria para entidade educacional São Sebastião distante uns 08 quilômetros da sua residência, conheceria as letras, os números e o verbo .... honrar... estudar.... trabalhar e vencer....
Já no período da manhã, melhor no fim da madrugada, antes do sol acordar , Sob luz de Lampião, o desperto piazito depois de sorver o “amargo” , partia para alimentar cavalos, porcos, galinhas, ovelhas, cabras e vacas, destas retirava o leite, servido em café reforçado pela matriarca para a família e peões. Alimentado, o pequeno agricultor, seguia com os homens que dignificavam a terra sob liderança do seu pai Domingos para lavoura, nos quais praticavam a policultura ( cultivo de diversos produtos em uma mesma área ), tais como: Soja, milho, batata, aipim, feijão, arroz, tomate, cebola, amendoim, alho, etc.... ....o trabalho de plantio era feito manualmente ( a muque ), para ter a garantia de “boa” colheita, começava-se pela preparação do solo; realizada através de derrubadas de matagais aos precisos cortes de facões e machados , após queima, os resíduos seriam utilizados como adubo. Feito isto, entrava em cena para lavrar, deixar o local pronto para semeadura, o arado formado por juntas de bois e o famoso “Saraguá” ( máquina de plantio manual ). Muitas vezes conduzindo os bovinos “o servidor que defende os servidores “ levou laçaço de raiz” de criar vergão. Logo, milhares de sementes seriam lançadas em sulcos abertos nas terras, seriam cultivadas zelosamente até florescerem, sendo colhidas no tempo apropriado. O resultado da safra, tinha dois destinos: O Sustento familiar e a venda para o mercado consumidor. Entre uma espiga de milho, pés de aipim e laranjais, quando sobrava um tempo, o menino que lavrava, brincava. No rol das aventuras: Corridas de carrinho de lomba com rodas de madeira, caçar no mato, pescar, natação e mergulhos na sua piscina particular chamada de rio Uruguai, distante 01 Km do rancho; na cozinha desde, mais precisamente no fogão a lenha, com dez anos fazia um feijão e arroz campeiro de lamber os “ beiço “ da peonada.

O tempo como dizem no interior avoa, avoou para família Rosseto, Rudinei então com dezesseis anos ganhara a companhia de uma casal de irmãos Rudimar e Eucléia, ganhava a oportunidade, a benção dos pais para voar para outras plagas para buscar conhecimento e qualificar-se profissionalmente. O adolescente iria morar há 14km de casa na cidade de Nonoai, iniciaria o segundo grau em escola pública, vindo a morar e trabalhar com o tio Milton Rosseto nas terras do avô Tranquilo Rosseto em oficina mecânica especializada em manutenção de equipamentos pesados . Ali, junto do irmão de seu pai, descobriu o mundo de motores, arranques, freios, eixos, rodas, chaves... que abriram as portas para uma nova profissão, mecânico. Trabalharia no conserto, na prevenção , conservação de patrolas, pás carregadeiras, tombadeiras, caminhões, escavadeiras elétricas, entre outros; prestação de serviços para empresa Hawai Construções Terraplanagem , maquinário utilizado para construção da rodovia ligava RS 154. a Porto Goien , tendo o parque de obras ao alcance dos seus olhos. Neste interim, aprendeu a “operar máquinas de muito peso “, alistou-se no serviço militar, servindo na cidade de Alegrete RS na II Companhia Mecanizada, iniciou um relacionamento , teve dois filhos: Franciane 25 anos e Maltonz 23 anos. Inicio do século , ano 2000, nova vida em Alvorada. No parque de obras na Vila Americana, o ex-cabo, o mais novo concursado operador de máquinas e sócio do “SIMA” é eleito para representar a SMOV na Comissão de Prevenção de Acidentes; participando ativamente na defesa dos interesses do funcionalismo público é indicado pelos colegas para ser representante sindical atuando como Delegado, identificado com as propostas do “campo politico da esquerda” do Partido dos Trabalhadores filia-se na agremiação. No ano seguinte, aceita convite para integrar a Comissão do Fundo de Previdência, numa reunião partidária de formação de quadros conhece a professora Leticia Barreto, iniciam um namoro, desfraldam bandeiras estreladas, desfraldam a bandeira do amor, casam-se 06 meses depois, unidos em comunhão recebem de presente dois filhos: Luiz Domingos 19 anos e Ana Luiza 15 anos. Comprometido no desempenho de suas atividades, assume a direção dos serviços de manutenção da região central, conclui o segundo grau na Escola Sto. Expedido, forma-se em curso técnico preparação de estradas ( topografia, nivelamento /base solo e asfaltamento ) na Escola Parobé em POA. O aprendizado serviria para auxiliar na instalação de usina asfáltica a frio, estar na frente de trabalho no asfaltamento de 10 quilômetros nos Jardins Porto Alegre, Alvorada e Aparecida entre outras ruas nos anos de 2002 a 2003, tendo ainda criado o Núcleo dos Servidores Públicos na SMOV , cobrando a igualdade de direitos e valorização salarial. Chega 2004, mudam os atores na Adm. Pública, Rosseto é escalado para atuar numa posição que não conhecia, sentado em um banco, longe das máquinas, por lá ficou tomando “chá de bunda “ por quatro longos invernos. Enxergado por um novo Secretário, Gilberto da CEEE, voltou a viver, voltou a operar retroescavadeiras, instruindo novos colegas na práticas do maquinário.

Preocupado com a situação geral dos servidores e suas reinvindicações não atendidas pela Adm. Municipal e a inércia do Sindicato representativo ( SIMA ) que deveria defender os interesses de centenas de trabalhadores do serviço público e não o fazia, o homem forjado no cabo da inchada e nos quartéis resolve tomar uma atitude para modificar aquele quadro . Inicia reuniões com colegas dos mais diversos setores, escuta a voz dos corredores, propõe uma pauta de discussão por melhorias; o movimento ganha adesões, acaba por ser elencado líder do grupo, lançando candidato a presidente do Sindicato dos Servidores nas eleições de 2012, vencendo o pleito com 63% dos votos válidos. A administração competente, séria e comprometida na frente da entidade, o enfrentamento dos problemas da categoria e o cumprimento das promessas de campanha é coroada com mais três eleições consecutivas. No ano de 2015 elege-se com 93% dos votos, 2018 elege-se com 98% dos votos sem chapa concorrente e 2021 elege-se em eleição virtual mais uma vez sem concorrência com 100% dos votos. Nominamos as conquistas das Adm. Rosseto e diretorias: Independência Política e Jurídica, Filiação 80% dos servidores, construção do salão de festas, Parceria com o Sindicato Sinecargas ( colônia de férias e sede campestre ), construção da sala de gestão, independência econômica, compra do primeiro carro zero do Sindicato, combate ao assédio moral e sexual, aumento do vale refeição, uso da tribuna popular com ênfase ao trabalhador, aposentadoria especial, aumento salarial em 18% educadores sociais, regulamentação hora atividade professores, piso nacional professores, ACS e ACE, disponibilização cartão de crédito servidor com incentivo de compras no comércio local, convênios médicos, auxílio funeral gratuito, fortalecimento de conselhos, criação do setor de comunicação , possibilitando a amplitude das atividades desenvolvidas pelo Sindicato. Agricultor, Soldado e Sindicalista que tem prazer em pelejar formou-se em ciências exatas e da terra em Geografia-Licenciatura, frequenta os grupos de estudos na casa espirita Bezerra de Menezes em POA, define-se um Marxista Cristão, adotou a cidade de Alvorada como sua segunda terra natal, lugar onde aprendeu a amar.