FAMÍLIA OLIVEIRA: DETERMINADOS, OUSADOS E INSANOS
Reunião ordinária dos sócios da Associação Gaúcha de Gelados (AGAGEL), pauta do dia , escolha da nova diretoria da entidade, representaria os interesses dos sorveteiros associados no estado RS, eleito por unanimidade Marcelo Machado de Oliveira, 33 anos, empresário do setor, formado em Adm. de Empresas, Diretor Comercial da Indústria Alimentícia SORVETES DANI, empresa familiar, Porto Alegre. Na história profissional do jovem e novo presidente a frente da empresa que dirigia uma exitosa gestão. Num período de uma década, com uma política de implemento de ações e um ativo irrisório conseguiu transformar uma pequena fábrica de sorvetes ( fundo de quintal ), fundada por seu pai, em uma das maiores indústrias de Sorvete do Sul do Brasil. O perfil , o espírito empreendedor do talentoso sorveteiro , sua visão inovadora, o planejamento organizacional e a sua ousadia em correr riscos chamaram atenção dos seus pares, acabaram por convidar-lhe para assumir , dirigir aquela valorosa entidade de classe , contava com a participação de centenas de fabricantes de sorvetes. Marcelo teria pela frente o desafio de discussões com instituições públicas e privadas quanto alta cobrança de tributos sobre os produtos industrializados e comercializados, incentivar parcerias com associados, colaboradores e fornecedores, dispensar um tratamento igualitário as empresas, investir no treinamento, capacitação profissional e tecnológica, oferecer excelência de atendimento em serviços . Presidindo a AGAGEL por dois mandatos, gestões 2006 a 2008 e 2009 a 2010, o homem que amava sorvetes teve êxito nas suas ações, iniciativas. No seu discurso de posse citou uma frase do filósofo chinês Confúcio: “ Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar um dia de tua vida”.
1986, vinte anos antes do empresário sorveteiro ser empossado presidente de outros tantos sorveteiros, Marcelo então com 13 anos andava colado com o pai a tira-colo, Seu Deni José Machado Oliveira . O patriarca da família, trabalhara como almoxarife na freeway , na forjaria com o pai no DI de Cachoeirinha e gerente da Copersucar, atuava como agente de turismo e vendedor de artigos para presentes ( relógios). Numa viagem de compras em Ciudad del Este Paraguai , calor infernal senegalês , os viajores suando em bicas foram as compras para tentar “aprazar o incêndio”; a salvação, um picolezeiro e sua santa caixa. Em questão de segundos os calorentos turistas comeram todos os gelados disponíveis e queriam mais, o observador Marcelinho degustou só cinco. Usando a sua vã filosofia infantil fala: – Bah pai! Picolé como vende, Se o senhor vendesse picolés nós iríamos ganhar muito, muito dinheiro. Este por sua vez que era um empreendedor por natureza, determinado, tinha prazer em laborar olha o filho, as caixas vazias dos produtos e uma luz falante ascende no seu córtex cerebral… – Vender gelados é muito lucrativo, o sugestivo e observador comentário do primogênito era simplesmente genial. Só tinha um problema, ele não tinha a mínima ideia de como fazer, produzir as “delícias” que as crianças se lambuzam. Quis o destino que o vendedor paraguaio falasse: – Acabou os picolés, fiquem tranquilos, vou ali na fábrica e já volto com uma caixa cheinha para vocês. Decidido que dali para frente iria ser um fabricante de sorvete, Deni , 40 anos, resolve seguir o picolezeiro , adentra a pequena empresa, fala com um e outro, ganha em minutos de graça um curso ultra rápido de como produzir os saborosos e prazerosos alimentos. Naquela final da manhã de sol escaldante, o inteligente menino ainda comeria mais quatro sorvetes.
Dois dias depois, pai e filho, filho e pai retornam de viagem a casa onde residiam na Vila Ingá, rua Leopoldina J. Santos 495. O decidido viajor após beijar a esposa , Laura , os filhos Daniela ( 10 anos ) e Márcio ( 05 anos ) e seus pais que moravam juntos ( Luiz e Dorothea ) abre o sorriso e anuncia: – Boas novidades, acabou as viagens, daqui para frente vamos fabricar e vender picolés. A esposa: – Como assim? Nós não entendemos nada de nada de picolé. Tu tá bem da cabeça? – Nunca estive tão bem. Assim foi, Deni vendeu três carros velhos e usados, transformou uma garagem nos fundos da casa em local para fabricação, comprou uma máquina simples para produção, um liquidificador, receita dos ingredientes em mãos e ação: Fé + perseverança + confiança + amor+ misturas de pó + corante + açúcar+ estabilizante(textura) + leite em pó + formas+ frezer e o primeiro lote dos gelados estava pronto, pronto para ser apreciado. Para fazer o primeiro teste de qualidade da invenção do ex-viajor, foi escolhido o seu primeiro filho, o mentor da ideia, o especialista no assunto de picolés, se deixassem comia uma caixa solito, Marcelinho. Aceitando aquela “difícil” missão, o adolescente devorou uma meia dúzia de picolés de vários sabores… e disse: – Huuuuum.. tá bom. Logo os irmãos e toda família ( pais e avós ) colocaram-se a comer também a primeira “fornada”, os paladares dos aprendizes de fabricantes ficaram contentes com o resultado das suas iniciativas.
Os testes de qualidade não pararam por aí, seria realizada uma “científica” pesquisa de mercado na vizinhança e arredores. As saborosas e geladas novidades foram gentilmente oferecidas, o povo provou e aprovou. Dali para frente, a família Oliveira começou a trabalhar dia e noite, noite e dia na produção dos alimentos, exceção feita ao caçula Márcio; como ele era muito pequeno e não tinha como auxiliar nas atividades , ficava ali “na volta” fazendo arte, acabou sendo promovido com degustador, provador oficial de picolés da pequena empresa. A mãe, Dona Laura – Amor, olha o picolézinho….. – Huuuum tem mais? Seu Deni e Marcelinho ( contra turno escola ) além de ajudarem na produção, também eram responsáveis pelas vendas dos produtos. Munidos de protetores solar, caixas de isopor, estridentes cornetas e uma disposição invejável ganhavam as ruas diariamente para oferecer os picolés, enfrentando as agruras do verão Porto Alegrense, temperatura quarenta e tantos graus, suavam em litros caminhando quilômetros. – Olha o picolé… – Olha o Picolé….. Final do expediente, extenuados, caixas vazias e pouco dinheiro no bolso. As vendas eram boas , mas os valores percebidos eram insuficientes para garantir as despesas familiares. Invariavelmente o patriarca tinha que recorrer ao avô Luiz , seu pai, e sua bem vinda pensão para fechar as “ contas”. Percebendo a situação, Dona Dorothea , a mãe do empreendedor e sua esposa pedem aos céus em oração ajuda, são atendidas. O criativo e inventivo sorveteiro fecha uma parceria com uma igreja evangélica, dali para frente a empresa começaria a contar com trinta picolezeiros, trinta irmãos trabalhadores do sol, as vendas bombariam. A partir da percepção que o público consumidor ficava feliz em comer seus gelados, o Thomas Edison do Ingá teve mais uma original, inédita e brilhante ideia, lançaria um slogan, um mounting de uma campanha publicitária, lançaria um grito gelado e saboroso nas vilas e bairros: – : – Olha o picolé…picolé “ sabor da felicidade”. Sim, os mais variados sabores dos seus produtos faziam as pessoas sorrirem, felizes… Sim, só eles tinham, só eles vendiam picolés “sabor da felicidade”… O Feliz Marketing deu certo, milhares de paladares quiseram provar os famosos e bem aventurados alimentos. As vendas que já estavam boas, ficaram melhores ainda. Na programação da fabriqueta no verão eles, os gelados , e no inverno para levar as pessoas ao paraíso de deliciosos prazeres fabricava-se montanhas de nuvens de algodão doce. Anos 90, os negócios evoluem, os pais Deni e Laura resolvem homenagear a Filha Daniela colocando seu nome na pujante fábrica, seria batizada de Indústria Alimentícia Sorvetes Dani. Objetivando aumentar a produção e consecutivamente as vendas , são adquiridas duas máquinas de picolés e uma máquina de sorvete descontinuada para fabricação de um novo produto ( produção de 500 quilos dia sorvete em massa para casquinha ). O público alvo agora seria a venda direta ao público consumidor pelos picolezeiros cristãos e a abertura de uma carteira de clientes junto aos mercados para vendas de sorvetes em massa (bolinha) com atendimento do Homem da ideias mirabolantes e Marcelinho. O menino comedor de sorvetes havia crescido, na adolescência estudava na Escola Adventista Marechal Rondon, Assis Brasil, cursando o primeiro ano segundo grau conhece uma nova colega de turma, Rute Rebelo, apaixona-se. O enamorado jovem, sorveteiro de sete costados tinha aptidões artísticas, musicista de todas as letras, compunha e interpretava suas próprias canções dedilhando violões. Resolve ele usar de seus “talentos’ para conquistar a mais linda menina da escola, para isso teria que chamar sua atenção e impressioná-la. Dias de aula, dia de caprichar no visual, dia de camisetas e calças impecáveis, de alvos tênis e perfumes exalantes, dia de sorrisos e olhares, dia de finalmente de ter coragem de falar com sua favorita. Nas suas investidas, acabou por descobrir que a garota também cantava e amava picolés de morango e chocolate. Resolveu declarar-se a estudante secundarista na hora do recreio escolar no dia 12 de Junho 1989 cantando acompanhado do seu violão o Rei Roberto Carlos…Como É Grande o Meu Amor Por você , presenteando-a como uma caixa dos seus amorosos picolés favoritos. Ela “encantada” pela atitude do jovem admirador disse sim..sim..sim.. e impôs uma certa condição, eles juntos fizessem um dueto musical para apresentaram-se nos cultos da igreja Casa de Jesus no Passo da Areia, local nos quais seu Pai pastoreava. Entre picolés, sorvetes , apresentações musicais e beijos os artistas sobem ao palco elevado do amor, o altar da igreja Batista Filadélfia ( Plinio Brasil Milano ), casando-se no dia 12.04.1997, festa no Salão Oredas bairro Higienópolis, show de vozes dos nubentes, no centro do evento andares de bolo da noiva em sorvetes, claro, com seus sabores prediletos: chocolate e morango, não necessariamente nesta ordem.
Deste artístico e amoroso enlace que comemora bodas de prata ( 2022), nascem três filhos: Lucas, Gisele, Felipe, idades 22, 13 e 08 anos respectivamente. Um ano antes do noivo dizer sim, seu pai, o visionário Deni apresenta sérios problemas de saúde , diagnosticado pelos médicos com graves problemas cardíacos, a família Oliveira é informada do risco eminente de óbito, teria ele pouco tempo de vida. O desassustado doente por sua vez disse que só partiria quando visse seus sonhos serem realizados “ Brincar com os netos, filhos dos seus filhos, e ver a pequena fábrica DANI transformar-se numa Grande Indústria de Sorvetes “. Mais uma vez ele estava certo, hoje com 72 anos, viu seus sete netos nascerem e crescerem, visita frequentemente a imponente fábrica de sorvetes no Distrito Industrial de Alvorada. Mas a saúde já não era mesma, o coração sorveteiro requeria cuidados, teria que evitar esforço físico, ficou decidido que continuaria ajudando na fábrica em atividades leves, passaria o bastão, a administração da empresa para o filho Marcelo.
Setubal , cidade Potuguesa, ano de 1998, o vocal casal viaja de lua de mel a passeio hospedando-se na casa de parentes da noiva, recebem presentes em espécie e relatam curiosas histórias dos Sorveteiros e seus automóveis. Numa delas, o agora timoneiro da empresa , ainda adolescente, conta que junto do pai rumavam embarcados num Voyage Zero nos finais de semana para praia de Ipanema em POA, chegando a vender 5000 picolés. Num certo domingo, voltando para casa, passam com o zerado automóvel na beira da praia, os clientes banhistas estranhando ver os “picolezeiros” andando num carro estalando de novo, desconfiando tratar-se de um roubo, acionam a policia. Viaturas abordam o veículo, mesmo Deni apresentando os documentos de compra, os policiais não conseguiam entender como simples vendedores de picolés tinham podido ter adquirido um carrão daqueles. O noivo conta também que surgiu a oportunidade dele fazer sociedade com amigos para empreender em outros negócios, estes foram desaconselhados veementemente a não associarem-se ao picolezeiro fracassado que andava num velho fusca . Conclusão: Picolezeiros estão proibidos de ter carros.
Malas feitas, destino Jardim Ingá, ano de 1998, casal ao trabalho. A noiva, Rute Silva integrava a equipe da Dani como secretária, contava ainda com o irmão Márcio, 17 anos responsável pelas vendas, irmã Daniela 23 anos, avós e pais na produção, aquisição de um terreno ao lado da fabriqueta , frota de 02 Kombis e duas Fiorinos, uma boa carteira de clientes. O irrequieto Marcelo herdara do pai a ousadia, o arrojo, o prazer em enfrentar desafios; nos seus projetos a expansão dos negócios, o crescimento da empresa no mercado. Mas como colocar suas ideias em prática com parcos recursos ? Mais uma vez entra em campo as orações da avó Dorothea, a mãe Laura e agora da esposa Rute, são atendidas nos seus pedidos. Feira de Indústria em SP, lá o jovem empresário então com 25 anos descobre um novo mundo em máquinas e equipamentos. Escolhidos os produtos, consegue realizar uma negociação praticamente impossível, do outro mundo, tendo em vista o que tinha a oferecer . Dispondo de quase nenhum dinheiro em caixa, teve que gastar o verbo por horas para convencer as empresas que sua “ maluca proposta ” seria interessante para eles, estariam fazendo um excelente negócio. Ofereceu tudo o que dispunha: dólares recebidos de presentes na viagem a Portugal , a máquina contínua e de sorvetes usadas, o compromisso de pagar o restante do débito em 36 parcelas. Os empresários confiaram nas palavras do obstinado empreendedor, na sua capacidade de honrar o compromisso ora assumido; apertando as mãos, assinariam o contrato de compra e venda. O Doido por sorvete trouxe “embaixo do braço de SP”: 03 máquinas contínuas dinamarquesas de nova geração ( capacidade fabricação 200 litros hora), uma máquina de picolé, uma câmara fria e 278 freezers ( tudo zerado) e o ardente desejo de poder pagar suas compras. Para isto acontecer, obrigatoriamente teria que aumentar muitas, muitas vezes o volume de vendas, bom…equipamento já tinha, agora era só trabalhar, mão na massa, mão na massa de sorvete. Muitos conhecidos disseram que ele era louco, pois o preço que pagaria no investimento compraria três apartamentos que ele morava de aluguel. Sua resposta: – É verdade… só que tem uma coisa , apartamento não produzem nada, máquinas produzem produtos, produtos multiplicam dinheiro, o tempo dirá quem tem razão.
Os anos passam, no período 1999 a 2012 sob o comando do “maestro sorveteiro” a empresa cresce, conta com mais colaboradores, aumenta a produção e a frota de distribuição, o faturamento alcança números expressivos, forma-se em Adm de Empresas na Universidade São Judas Tadeu , a irmã Daniela, a moça como nome de Sorvete, Dani , responsável pela conferencia e estoque dá luz a menina Gabriela ( dez anos ), o irmão Márcio fica responsável pela Adm. Financeira dos negócios, os pais Deni e Laura continuam auxiliando , os avós Luiz e Dorothea partem, indo morar com Deus, assume como presidente da AGAGEL ( Associação Gaúcha de Gelados ), recebe convite para dirigir outra empresa de sorvetes “Pikos”, compra seu ativo, adquirindo no pacote 300 pontos comerciais + 10 caminhões, compra terrenos lindeiros e a família dos sorveteiros arranja uma bronca terrível com os vizinhos. A vida muda na Vila Ingá, a rua da fábrica dos sorvetes Leopoldina Santos vira um movimentado, engarrafado e estressante local , recebendo intenso fluxo de dezenas de pesados veículos e seus barulhentos e infernais motores, irritantes buzinas, o vai e vem de cargas e descargas, um arranca e para, fecha e abre portas de baú e a gritaria dos motoristas e ajudantes: – Cuidado….mais pra lá, mais pra cá….óóóó vai bater. – Arruma essa carga direito meu. Os coitados dos ouvidos dos vizinhos naquele logradouro pediam socorro, o reclamo era geral, exceção feita a família Nogueira; para eles não havia nenhum problema aquela “altercação” na frente da sua casa e até gostavam, e tinham todos os motivos do mundo. A filha pródiga Beatriz trabalhava de secretária e era noiva de um dos sócios diretores da empresa que causava o “suposto” alvoroço, o jovem Márcio Oliveira 23 anos, um especialista em finanças.. Buenas, para tentar acalmar os ânimos do povo reclamante, banquetes de picolés e sorvetes eram servidos para as crianças. Filhos felizes, pais serenos.
Neste mesmo período, ano 2006 , os vizinhos de frente, os noivos que trabalhavam juntos na fábrica , se conheciam desde tenra idade, namoravam curtindo músicas saboreando centenas sorvetes , apresentavam-se nas pistas de danças Porto Alegrenses , Beatriz ( Bia ) e Márcio recebiam as bênçãos em sagrado matrimônio na Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Bairro Rubem Berta , dia 03 de Fevereiro; pós recepção aos convidados em Churrascaria, recebem aplausos dançando Danúbio Azul ( Blue Danube), saboreiam suculento churrasco, cortando o cremoso e prazeroso bolo de sorvete. Daquele amor que nasceu na infância , floresceu na adolescência e amadureceu na idade adulta, brotaram sementes de felicidade: os filhos Matheus 15anos, Larissa e Benhur, 07 e 03 anos respectivamente. Anos depois, a marca Dani sorvetes estaria consolidada, os produtos consumidos a borbotões, as vendas no superávit, o Diretor Comercial Marcelo resolve investir num novo mercado, inaugura nova fábrica no nordeste brasileiro, estado da Bahia (2008) , as coisas não acontecem conforme o planejado. De volta as terras de um Porto Alegre, decide em reunião familiar que está na hora da fábrica mudar de ares, local. Olhando para o futuro e os gráficos que apontavam para um crescente fluxo de vendas, concluíram que o espaço utilizado na operacionalização das atividades seria insuficiente para atender a possível demanda, Hora da mudança e de novos desafios. Dali para frente, estudos de áreas compatíveis , projetos de implantação da nova fábrica, layout capaz de viabilizar as operações de logística e garantir a maximização da produção. Tudo ocorre conforme o planejado, desta vez nem precisou das orações das mulheres da família para as “coisas acontecerem”. Vizinhos sabedores da possível saída da fábrica da Vila Ingá, vislumbrando a possibilidade do tráfego dos barulhentos e infernais caminhões nas ruas cessarem de vez e finalmente pudessem viver suas vidas em paz, tendo urgência no assunto, tratam eles de reunirem-se em correntes de súplicas ao criador para acelerar o processo , pedindo que todos , todos os desejos dos sorveteiros fossem atendidos. Final Feliz. Para o bem estar da nação do Jardim Ingá a Indústria Alimentícia Sorvetes Dani diz ao “povo que sai”, novo destino distrito industrial cidade de Alvorada.
Dia 21 de Outubro do ano 2013 aconteceria a inauguração da empresa e seus alimentos saborosos na nova casa, marcaria um novo tempo para os empreendedores “Oliveira”, o inicio de mais um ciclo audacioso e vitorioso projeto, uma exitosa estratégia de crescimento no mercado, conquistaria dezenas de milhares clientes na região metropolitana e adjacências.
O espaço físico para criar os “ deliciosos produtos” de múltiplos sabores contava agora com 2400 metros quadrados, uma câmara fria de 3500 metros cúbicos, 05 máquinas contínuas ( sorvetes pasteurizados ) com capacidade de produção 12.000 litros dias, máquinas de picolés e açaí produzindo 10.000 unidades e 6000 quilos dia , Equipe de 80 colaboradores ( administrativo, vendas e operadores ), uma robusta frota de caminhões e caminhonetes . O mundo avança, para garantir a competividade e expansão no segmento os homens que não cansam de inovar lançam mais uma marca e novos produtos no ano de 2016, nascia a “Sorveloko”, fabricaria picolés e sorvetes com preços populares, deixaria maluco o público consumidor, vendas nas alturas …Golaço… O nome escolhido teve origem nas loucuras e invencionices que os moradores da Vila Ingá fizeram e fazem para fabricar os gelados.
Caminhando nos corredores da imponente Indústria de Sorvetes Dani/Sorveloko, um simpático Sr. Septuagenário, distribui sorrisos e cumprimentos para os funcionários. – Bom dia…Bom dia… – Bom dia Seu Deni. Aquele aposentado patriarca invariavelmente faz um tur pelas dependências da realização de seu sonho de três décadas , gosta de apreciar, respirar o ar da benfazeja obra criada por muitas mãos, inicialmente por ele e a amada esposa, seus pais e os filhos ainda pequenos. Na caminhada, seus descendentes que muito lhe orgulham, assumiriam a frente dos negócios, trabalhadores em potencial, corajosos, dinâmicos e determinados transformariam em poucos anos uma pequena fábrica de sorvetes em uma referência na produção de alimentos no estado. Ganha o pátio, segue os cumprimentos, olha os caminhões sendo carregados de produtos, saudoso lembra-se da Velha e heroica Kombi que usara para transportar as primeiras cargas vendidas de picolés. Onde estaria agora? Será que ainda vive? Agora sobe as escadas da edificação, chega a sala da direção, lá encontra seus abençoados filhos, homens que conquistaram a admiração e respeito no desenvolvimento das suas atividades, os Diretores Márcio e Marcelo. Logo cumprimenta-os: -Bom dia guris… Eles: – Bom dia Seu Deni… Márcio: – O Sr. por aqui? – Sim. Vim ver as coisas como estão. Tudo Certo? – Tudo Tranquilo. Nisso adentra o ambiente Lucas , filho de Marcelo, cursando Adm. Empresas, trabalha “ como faz tudo”, abre um sorriso lá nas orelhas saudando a bem vinda presença do avô. Reunidos ali três gerações, pai, filhos e neto, o passado, o presente e o futuro. A conversa se estende, o experiente homem de sábia idade despede-se, olhando para Lucas Oliveira diz: – Meu neto tu é muito jovem, o tempo passa rápido, logo ali na frente chegará a hora de assumires a responsabilidade da direção da empresa, um dia sucederás os meus filhos. As coisas até aqui funcionaram maravilhosamente bem e para continuar funcionado, jamais esqueça de três coisas: Trabalhe sempre, ouse muito e continue vendendo nossos picolés e sorvetes sabor de felicidade.
Extrato da entrevista 05.11.2022 – Marcelo Machado Silva
Crônica & História
Escritor Jairo Carvalho